Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas - CGTP-IN

20220225Seminario geralColocada publicamente como panaceia para a resolução dos problemas decorrentes das alterações climáticas, a transição energética avançou, em Portugal e na UE, com uma agenda escondida e só trouxe destruição de capacidade produtiva e de postos de trabalho - como foi evidenciado no seminário internacional «Transição justa – garantir emprego com direitos», no dia 25.
28.2.2022

 

A reunião, no auditório da sede da CGTP-IN, em Lisboa, contou com dezenas de dirigentes e delegados da Fiequimetal e dos seus sindicatos, vários deles com intervenção em grandes empresas, como a GALP, a EDP, a Continental, a VW Autoeuropa.

Participaram igualmente Luc Triangle, secretário-geral da IndustriaAll Europa, e representantes da FNME e da FTM (estruturas da CGT francesa), das Comisiones Obreras e da Confederação Intersindical Galega.

 

Prioridades alteradas
e aquilo que já se viu

Para abrir o debate, Demétrio Alves, engenheiro químico, fez uma intervenção de fundo sobre o tema da transição energética. Recordou a aprovação, na 70.ª Assembleia Geral da ONU, em 2015, da «Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável», assinalando a mudança de prioridades depois perpetrada pela governação mundial.

Apresentou alguns dados que colocam em causa a credibilidade e a sustentabilidade das metas definidas pelo Governo português.

No seminário foram várias vezes referidos os encerramentos intempestivos das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego e da refinaria do Porto, lembrando factos mais recentes que comprovam a justeza das críticas dos representantes dos trabalhadores e da firme contestação organizada pela federação e pelos sindicatos.
Helder Guerreiro, dirigente da sindical e da Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, notou que a verdadeira razão para o fecho da refinaria foi revelada há, quando a GALP, a CM Matosinhos e a CCDR Norte assinaram um protocolo para a construção de uma mega-urbanização à beira-mar, nos terrenos onde funcionou o complexo petroquímico.

 

Unidos e alerta
 
Rogério Silva, coordenador da Fiequimetal, a encerrar o debate, realçou a ampla unidade verificada na avaliação sindical destes problemas, com reflexo na aprovação unânime de uma resolução, no último congresso da IndustriAll, em Junho de 2021.

Considerou que esta «agenda para a transição energética» é um processo predador, cheio de opacidade, fundamentalista e que visa servir o sector financeiro.

Avança com mais facilidade num sector energético já liberalizado, ainda que hoje esteja desmentidas pela realidade as justificações que avançaram os partidários das privatizações e da liberalização.

No «roteiro para a neutralidade carbónica», o Governo incluiu também o encerramento das centrais de ciclo combinado, a gás natural, do Ribatejo (Carregado, Castanheira do Ribatejo) e de Lares (Figueira da Foz). Agora, exige-se uma clarificação quanto ao que quer o Governo fazer com estas duas centrais.

As preocupações com o ambiente são também desmentidas com o anúncio do abate de mil sobreiros, no Gavião, para  colocar lá uma central fotovoltaica. Sobre isto, desafiou, seria interessante saber a opinião de algumas associações ambientalistas, com posições fundamentalistas que a federação tem criticado.

Todo este processo, com agenda escondida, serve os lobbies das renováveis, que têm à cabeça grandes fundos de investimento e grandes multinacionais.

Nos principais meios de comunicação social, não há um debate sério, não há contraditório.

Mas a Fiequimetal e os seus sindicatos nunca se calaram, sempre do lado dos trabalhadores, combatendo um processo que não é de transição, é de destruição da capacidade produtiva.

É preciso continuar a fazer o esclarecimento e estar muito atentos, para que os trabalhadores intervenham em defesa do emprego, da indústria e da soberania do País, alertou Rogério Silva.



Ver também
- Fiequimetal no Congresso da Industriall Europa (9.6.2021)

 

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